O caso caixa

A incorporação de R$ 719 milhões das economias de 525 mil simples poupadores da Caixa Econômica Federal aos lucros da instituição financeira colaborou para um lucro líquido de R$ 6,479 bilhões em 2012. Balanço divulgado pela própria Caixa revelou que 15% desse total, ou seja, R$ 950 milhões acabaram distribuídos em participações de lucros e resultados (PLR) aos funcionários da Estatal. Até mesmo os responsáveis pela operação suspeita de confisco foram beneficiados pela ‘gratificação’, que, em vários casos, renderam 14° e 15° salários por ano.

Os números estão publicados no Balanço de Resultados da Caixa de 2012. Pelo resultado deles, é definido quanto cada funcionário vai ganhar de participação ao final de cada ano. Na verdade, as participações nos proveitos da caixa são pagos duas vezes ao ano. A primeira ocorreu em outubro de 2012, quando os funcionários tiveram direito a uma gratificação correspondente a 90% do salário, mais R$ 1,6 mil, mais 2,2 salários, mais 4% do lucro líquido do primeiro semestre de 2012. Já a segunda parcela veio em fevereiro de 2013, quando é feito o mesmo cálculo, mas com os valores anuais. Daí, é subtraído o que já foi pago ao empregado.


Porém, se o restante der menos que 5%, o acordo coletivo permite que a distribuição seja calculada por até dois salários (extras) do trabalhador, limitado ao teto de R$ 19.992,46. Diretor da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf), Ademir Wiederkehr, garante que o teto é respeitado mesmo para os diretores mais influentes e com salários mais encorpados. “É uma regra básica e tem de ser respeitada”, frisa.

Dos R$ 719 milhões dos poupadores, R$105 milhões, ou seja, 15% podem ter sido usados na gratificação dos trabalhadores da Caixa. Apesar disso, Ademir Wiederkehr descarta qualquer possibilidade de o pagamento ter que ser devolvido por algum ‘erro’ da instituição. “Não tem volta”, reforça. “Já foi pago e pronto”. A presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Juvandia Moreira, também reforça a seriedade no cumprimento do acordo coletivo e das regras básicas determinadas pela Fenaban, que garantem a justa participação aos trabalhadores.

Uma das suspeitas era de que houve uma apropriação indébita de depósitos de poupadores para elevar os lucros da Estatal. A revista Istoé desta semana denunciou o escândalo. O Ministério Público Federal abriu processo investigado e ainda precisa sortear o relator que vai apurar as denúncias. O nome pode ser revelado ainda nesta quarta-feira (15).
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