Cobranças turbinadas na Câmara Legislativa

Governistas retomam votação, mas com quorum mínimo, e deputados reclamam da ausência de diálogo



Mesmo com quorum suficiente para votação, os distritais pediram uma reunião com o presidente Wasny de Roure — hoje em viagem — para aparar arestas. Muitos deles citam a insatisfação com o governo e até com medidas administrativas da própria Câmara Legislativa que não estariam sendo debatidas de maneira satisfatória nas reuniões entre os líderes partidários.

A sessão de ontem quase não acontece por falta de quorum, mas por fim, os deputados acabaram aprovando um projeto de créditos do governo. Mesmo assim, em parte das votações havia apenas 13 distritais no plenário. 

Faz parte do jogo

Segundo o deputado Robério Negreiros, vice-líder do PMDB, a obstrução da pauta faz parte do jogo político e será necessário diálogo para reverter o quadro. “Os governistas têm ônus e bônus, mas alguns estão tendo mais vantagens. Existe até quem se porte como representante, líder de bloco, de alguns dos deputados e até cobra presença no plenário”, criticou. Para Robério, falta diálogo com o governo, o que contribui ainda mais para insatifação. 

Ter ou não ter

Quem levantou a necessidade de uma reunião envolvendo todos os parlamentares foi o deputado Patrício, que tem batido de frente com o governo em relação às prisões de policiais militares. Para ele, se a presidência ouvir as reivindicações dos deputados, as sessões podem ter menos ausências. “Todo ano falta planejamento da pauta de votações e não são colocadas as prioridades claramente. Não adianta fazer reunião só com os líderes de blocos e partidos. É preciso ouvir todo mundo para resolver as queixas”, cobrou. Patrício avisou, inclusive, que assim que Wasny voltar de viagem terá uma conversa com ele para exigir a reunião.

Já a líder do governo, deputada Arlete Sampaio (PT), não vê necessidade de reuniões periódicas com todos os deputados, mas sim, sempre que houver motivos concretos, como questões administrativas da Casa. 

Para a distrital, a medida não resolverá a insatisfação dos deputados. “Cada pessoa tem um estilo de comandar. Patrício não pode querer que o Wasny seja como ele e nem por isso ele é mais ou menos competente. Wasny está presente em todas as sessões, diferentemente do que acontecia na época do Patrício. Dizer que fazer a reunião com os 24 deputados vai trazer algum grau de diferenciação, eu não concordo”, opinou.

Comandantes não irão
Para completar o clima de insatisfação, os dissidentes também criticam a ausência dos comandantes da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros, que foram convocados para uma reunião ontem da Comissão de Segurança da Câmara. 

Menos de 15 minutos antes da hora marcada, chegou o ofício das corporações justificando a falta. No documento, a Polícia Militar argumenta que os motivos da convocação não ficaram claros e que deveria ter sido cumprido o prazo mínimo de 30 dias para o pedido de depoimentos.

O deputado Patrício prometeu que fará nova convocação e, caso aconteça outra falta, pretende denunciar os comandantes por crime de responsabilidade, como prevê a Lei Orgânica do DF. Para o distrital, a lei fala em depoimento em no máximo 30 dias.

O posicionamento foi rebatido pelo deputado Chico Vigilante, colega de partido de Patrício. O motivo que fundamenta a ausência dos comandantes, disse, é uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que considerou inconstitucionais os artigos da Lei Orgânica do DF sobre a subordinação da Polícia Militar. “É a lei. Foi o STF que disse. Portanto está decidido. Eles não são obrigados a comparecer e por isso não comparecerão. Quis fazer esse esclarecimento, para não ficar parecendo que não vieram por birra”, disse.
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