O uniforme é conhecido: camisa branca com gola vermelha. A logomarca do lado direito do peito identifica-os rapidamente: Jovem Candango. São cerca de 3 mil adolescentes aprendizes nas repartições governamentais da cidade. Eles começaram a trabalhar em junho do ano passado e mudaram de vida. Aumentaram a responsabilidade, abriram uma conta no banco e aprenderam como se inserir no mercado de trabalho. Mas as instituições sem fins lucrativos que executam o programa estão sem receber desde dezembro de 2014. Agora, não têm dinheiro para pagar o salário dos aprendizes em fevereiro.
A remuneração de janeiro, o vale-transporte e o tíquete-refeição dos adolescentes, com idade entre 14 e 18 anos, só foram pagos porque a Obras Sociais do Centro Espírita Fraternidade Jerônimo Candinho e a Rede Nacional de Aprendizagem, Promoção Social e Integração (Renapsi) — parceiras do GDF na iniciativa — pegaram empréstimos e tiraram tudo o que podiam das contas. “Estamos confiantes na continuidade do programa, mas não temos provisões futuras para pagar os adolescentes”, lamenta o coordenador do Jovem Candango na Fraternidade Jerônimo Candinho, Alexandre Magno Alves.
O medo de que o programa de inserção acabe levou jovens e instrutores a se mobilizarem na internet. Eles criaram uma página chamada Fica Jovem Candango. Nela, participantes e instrutores postam depoimentos, apresentam vídeos gravados e falam sobre a importância dessa inclusão. “Estou aprendendo muito, fiz algumas dívidas e tenho dias certos para quitar as contas”, afirma Pablo Henrique Rodrigues, 17 anos, que trabalha na Secretaria de Saúde. Leandro Lourenço de Assis, também com 17, trabalha na Coordenação Regional de Ensino de Sobradinho. Aluno esforçado, ele passou no último Exame Nacional do Ensino Médio para o curso de letras japonês, na Universidade de Brasília (UnB). Com o dinheiro, compra livros e ajuda a família. “Nós moramos de aluguel. Somos seis pessoas em casa, mas só eu e minha mãe trabalhamos. Todo o tíquete-alimentação é para comprar comida para casa. Será difícil se o programa não continuar.”
De acordo com a Secretaria de Estado de Gestão Administrativa e Desburocratização, a dívida do mês de dezembro com as duas instituições é de R$ 2.828.225,20. Cada jovem recebe uma bolsa de R$ 525,33; vale-alimentação de R$ 220; e vale-transporte, com carteira assinada. Segundo nota da assessoria, “a atual gestão fará uma análise para verificar quais contratos poderão ser mantidos de acordo com a receita/despesa do GDF”. O documento ainda informa que “o valor anual disponibilizado pelo governo anterior para o Programa Jovem Candango é insuficiente para o pagamento do mesmo”.
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