Ceilândia não terá mais duas administrações, para o sossego de moradores e políticos que se manifestaram contra a proposta do governo nos últimos dias. Ontem, por meio de uma nota publicada em sua página no Facebook, o governador Rodrigo Rollemberg comunicou que, diante das críticas, o GDF decidiu manter apenas uma administração regional na cidade. Na rede social, Rollemberg disse que considera “legítima” a crítica à proposta, mas um “equívoco lamentável” as acusações de que a medida serviria a interesses políticos. “O governo sempre levará em conta a opinião da população, desde que manifestada de modo legítimo e no debate franco e aberto”, diz a nota, publicada por volta das 14h. Com a decisão, o vice-governador, Renato Santana, segue como administrador interino de Ceilândia.
Nos últimos dias, a internet virou palco das manifestações da população da cidade contra a medida do governo, que deixaria Renato Santana interinamente como administrador de Ceilândia, e Vilson de Oliveira em Ceilândia Norte. Os moradores contrários à criação da sede postaram fotos segurando cartazes que diziam: “Quem ama Ceilândia de coração não aceita divisão”. Na nota em que divulgou a desistência da decisão, Rollemberg deixou claro, no entanto, que a nova administração regional não representaria a divisão da cidade. “A existência de duas administrações não significaria, obviamente, que seriam duas cidades, pois ‘cidade’ e ‘administração regional’ não são conceitos que necessariamente têm dependência um do outro.”
O chefe da Casa Civil do DF, Hélio Doyle, negou que a medida tivesse caráter político. “Se fosse interesse político, não teríamos suprimido seis administrações. Ceilândia é muito grande e a região do Pôr do Sol e do Sol Nascente está crescendo. Era só uma questão de gestão”, justificou. A cidade tem hoje cerca de 450 mil habitantes. Pôr do Sol e Sol Nascente, segundo a último Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílio (PDAD), 79 mil. Ao assumir o GDF, Rollemberg reestruturou as administrações e algumas regiões passaram a englobar outras.
Ainda segundo Doyle, a mobilização cresceu depois que os senadores Cristovam Buarque (PDT-DF) e Hélio José (PSD-DF) disseram ser contra a nova administração. De acordo com o chefe da Casa Civil, Cristovam havia se manifestado a favor da medida inicialmente. No entanto, o senador nega que tenha aprovado a proposta e vê com certo alívio a decisão do GDF. “A primeira vez que ouvi sobre isso foi na casa do Rogério Rosso (presidente regional do PSD-DF) e fui enfático que era contra. Não vi nenhuma justificativa técnica para isso, e sim uma forma de acomodar forças políticas. Se fizer isso em Ceilândia, por que não fazer em Taguatinga ou no Gama também?”, questionou Cristovam. “Se eles tivessem consultado a mim e ao Hélio, não precisaríamos ter sido contra. Ele (o governador) queria atender a todos, mas deveria ter escolhido um só administrador e nós nos calaríamos, mesmo que fôssemos contrários”, continuou.
Com a desistência da nova sede administrativa, o governo deve economizar cerca de 80 cargos.
Se fosse interesse político, não teríamos suprimido seis administrações. Ceilândia é muito grande e a região do Pôr do Sol e do Sol Nascente está crescendo. Era só uma questão de gestão” - Hélio Doyle, chefe da Casa Civil