Pela primeira vez, a projeção de especialistas para a inflação deste ano atingiu a casa dos dois dígitos. A alta da gasolina e do diesel elevou a perspectiva para até 10%, muito acima do teto da meta estabelecida pelo governo para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), de 6,5%
Foto: Olivar de Matos.
De acordo com a reportagem, o impacto do reajuste da gasolina no IPCA deve ficar entre 0,14 e 0,2 ponto percentual no ano. Os analistas do Credit Suisse, que elevaram a 10% a projeção para o IPCA este ano, afirmaram que entrou na conta a expectativa de um novo aumento dos combustíveis, da mesma magnitude, ainda em 2015.
“Nossa expectativa de maior depreciação do real e a visão do Credit Suisse de que os preços internacionais de petróleo vão subir são compatíveis com o aumento do Gap entre os preços domésticos e os do exterior. Assim, a correção desse Gap, junto com a possibilidade de aumento da Cide sobre a gasolina, representa um relevante risco a novos aumentos nos combustíveis”, informou o relatório.
O Banco Fator, por sua vez, afirmou que o impacto será de 0,2 ponto, com a projeção para a inflação passando 9,61% para 9,81%.
Segundo o economista Luiz Roberto Cunha, que depois do anúncio reviu sua projeção para o IPCA de 9,5% para entre 9,7% e 9,8%, o reajuste do combustível é um marco simbólico dos efeitos da crise no país. “A crise econômica e política, que gera desvalorização cambial, tem um custo para o bolso do consumidor e piora as projeções futuras para a inflação”, disse.
Acumulado
Apesar de o reajuste anunciado na terça-feira (29) pelo governo ter sido o primeiro de 2015 para esses dois combustíveis, no ano, a inflação da gasolina e do diesel medidas pelo IPCA já acumulam, respectivamente, alta de 9,65% e 7,43% – taxas acima da inflação média geral, de 7,06%.
Fonte: Redação.