Para o setor agropecuário, modal rodoviário evoluiu pouco neste ano e antigos problemas,como a falta de pavimentação nas estradas, devem se arrastar durante 2016; PIL ficou no papel
Trecho deteriorado da BR 163 entre Cuiabá (MT) e Santarém (PA)
Uma das principais melhorias no processo de escoamento de grãos foi o avanço nos portos do Arco Norte, que já responderam por cerca de 19 milhões de toneladas embarcadas neste ano.
O problema, no entanto, é o caminho que a produção percorre até chegar à costa, alternado entre ferrovias e rodovias. Só com a má qualidade do pavimento, o setor ainda perde R$ 3,58 bilhões anualmente e no que depender do nível de confiança dos transportadores, modificações no cenário são esperadas apenas para depois de 2017.
Peso do transporte
Partindo do pressuposto que o maior polo produtivo de commoditiesagrícolas é o Centro-Oeste, a despesa com transporte é uma das mais pesadas na conta do produtor rural. Um levantamento da Confederação Nacional do Transporte (CNT) mostra que o pavimento rodoviário encarece em 30,5% o custo operacional do agricultor que exporta soja ou milho.
"Evoluímos muito pouco no modal rodoviário neste ano. Tivemos poucos investimentos do Dnit . No trecho [da BR-163] que vai do Mato Grosso até Miritituba (PA) só foram pavimentados 26 km em um ano, isso é muito ruim", afirma o presidente da Câmara Setorial de Infraestrutura e Logística, Edeon Vaz Ferreira.
"Só teremos diferença de valor no agronegócio quando estivermos com tudo pavimentado, até lá o frete será muito alto", acrescenta o executivo que também é coordenador do Movimento Pró Logística, organização liderada pela Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja).
Investimentos
Os R$ 3,58 bilhões de prejuízo equivalem, aproximadamente, a 24% do investimento público federal em infraestrutura de transporte em 2014.
Aportes necessários
Para minimizar os, o governo federal lançou em meados de junho a segunda etapa do Programa de Investimentos em Logística (PIL). Esta fase prevê a concessão de aproximadamente sete mil quilômetros, com um investimento na ordem de R$ 66,1 bilhões, focado na ampliação de capacidade e aumento da segurança das rodovias.
Do total, são R$ 50,8 bilhões referentes a novas concessões a serem realizadas ao longo de 2015 e 2016 e R$ 15,3 bilhões em novos investimentos em concessões já existentes.
"Projetos como o PIL foram bons anúncios, mas não saíram do papel", rebate o diretor executivo da CNT, Bruno Batista. Ao DCI, ele explica que o Brasil vive um dilema na infraestrutura por ter postergado investimentos necessários que foram identificados há mais de cinco anos, quando havia um ambiente mais favorável para aportes estrangeiros, por exemplo.