Fotos: Ricardo Stuckert
Em seu discurso, Lula ressaltou a união dos sete partidos que compõem o movimento (PT, PCdoB, PV, PSB, Psol, Rede e Solidariedade) e reforçou que a principal meta é tirar os brasileiros da situação de crise econômica e social em que se encontram. Para isso, sua experiência, tanto pessoal quanto política, fazem a diferença.
"Eu não li todos os livros que os outros ex-presidentes já leram, confesso a vocês. Agora, tem uma coisa que eu sou professor, doutor e mestre, que é conhecer a alma e o sentimento do povo brasileiro. E para cuidar desse povo, se alguém quiser saber como o povo vive quando tem uma enchente, pergunta para mim, que já morei na Ponte Preta, na Vila São José, que entrava um metro e meio de água dentro de casa", contou ele.
O ex-presidente afirmou que sua causa e suas motivações foram moldadas por sua própria trajetória de vida, que começou em um caminhão pau-de-arara vindo do interior de Pernambuco nos anos 1950 e o levou até a presidência da República cinco décadas depois.
"Eu tenho uma causa. Eu sou torneiro mecânico, retirante nordestino que vim para São Paulo em 1952. Há 70 anos eu vim por causa da fome porque a gente não tinha o que comer. 70 anos depois, depois do PT ter acabado com a fome, a gente percebe que 33 milhões de brasileiros vão dormir sem comer, 105 milhões tem problema de insuficiência alimentar? Como que explica? Como que pode?", questionou.
Por tudo isso, sua visão sobre os problemas sociais do país é diferente da maioria da elite que governa o Brasil há décadas. Em vez de traçar políticas para ajudar os mais ricos a prosperar às custas dos mais pobres, o foco é ajudar as pessoas com menos recursos.
"Se quiser falar de pobreza, eu entendo. Se quiser discutir a situação do trabalhador do chão de fábrica, pode falar comigo que eu conheço. Eles não conhecem, eles só têm teoria, eles não sabem o que é o trabalhador ficar um ano, dois anos sem emprego e só dizer que não tem vaga. A minha causa é provar para a elite brasileira que a gente pode recuperar este país, a gente vai voltar a comer churrasco sim", disse Lula.
O ex-presidente também comentou sobre os auxílios aprovados recentemente, em uma medida eleitoreira, para a população. E lembrou que, além do valor ser o mesmo que os partidos de oposição já queriam dar à população no início da pandemia de Covid, a "bondade" tem data de validade apenas para dezembro deste ano.
"Quando começou a pandemia, os partidos de oposição entraram com um projeto de lei para que fossem dados R$ 600 para as pessoas. O governo queria R$ 200. O Congresso aprovou R$ 600. Ele tirou e baixou para R$ 400. Agora ele quer R$ 600 até dezembro. Ele quer dar mil reais para motorista de caminhão, taxista. Por que que ele pensa que o povo vai ser tratado como se fosse ignorante, que ele acha que vai comprar dando programa para seis meses?", questionou.
União contra o autoritarismo
Para o ex-prefeito de São Paulo e ex-ministro da Educação, Fernando Haddad, a união do campo progressista em torno do movimento Vamos Juntos Pelo Brasil é essencial para acabar com as mazelas ampliadas pelo atual governo e trazer o país de volta ao caminho do desenvolvimento e da garantia de direitos.
"A Constituição de 88 hoje está sendo rasgada todo dia, todo dia alguém pede um direito, uma oportunidade. Estamos falando de redemocratizar e reconstruir o país, que está arrasado, no meio ambiente, na cultura, na educação, na ciência e tecnologia. Um país isolado no continente e no mundo, com 33 milhões de brasileiros passando fome. Dos brasileiros com renda, 38% ganham um salário mínimo, você não consegue fechar o mês comprando comida para sua família", declarou.
O ex-governador de São Paulo, Márcio França, que na última sexta-feira anunciou sua intenção de concorrer ao Senado pelo movimento Vamos Juntos Pelo Brasil para apoiar a pré-candidatura de Fernando Haddad ao governo paulista, exaltou a união pelo momento histórico que o Brasil passa.
"Hoje você não consegue entrar em uma farmácia, um supermercado, que não tenha alguém na porta pedindo um saco de arroz, um remédio. Quem consegue viver desse jeito? Isso não é correto, cada um tem que fazer a sua parte. Aqui nas farmácias de São Paulo aumentaram 30% as vendas de antidepressivos, os problemas emocionais das pessoas dispararam, porque ninguém se sente feliz desse jeito", disse França.
Por sua vez, o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, exaltou a participação feminina na política e afirmou que ela será essencial para tirar o país da crise. "É muito simbólico, estamos na Praça da Moça, política é um substantivo feminino e política não se faz sem as mulheres, são as mulheres que vão decidir essa eleição", ressaltou.
Prefeito de Diadema pelo quarto mandato, José de Filippi Jr abriu o evento falando sobre o dano causado pelo ódio à política no Brasil e da importância da união para superar a crise. "A luta não é de um partido político e nem de uma ideologia, embora seja importante, é da civilização contra a barbárie. Vivemos nesses últimos anos a negação da política. O povo aqui sabe que a boa política faz diferença na vida de cada um", destacou.