Em um ano, 240 mil novas famílias não pagaram dívidas na data de vencimento, aponta pesquisa da FecomercioSP
Foto: Renato Oliveira.
Pela primeira vez, desde o início da série histórica (agosto de 2010), o número de famílias com contas em atraso, na cidade de São Paulo, atingiu 1,03 milhão, em outubro. A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), realizada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), aponta que 25,5% dos lares têm dívidas em atraso na capital.
Em agosto, a taxa de lares inadimplentes foi de 24,8%, enquanto no mesmo período de 2021, este número era de 19,7%. Em números absolutos, isso representa aumento de 240 mil novos lares que não pagaram a dívida na data do vencimento nos últimos 12 meses.
Além da inadimplência, o endividamento cresceu em outubro. O índice atingiu recorde no mês, com 77% de famílias com algum tipo de dívidas – o que representa 3,096 milhões de grupos familiares. Em relação ao ano passado, foi registrado crescimento de 251 mil lares paulistanos que passaram a ter compromisso de crédito para quitar.
Mais uma vez, o cartão de crédito segue na ponta das principais dívidas (85,8% dos endividados), mesmo índice do mês anterior. Na segunda posição, o carnê, com 16,5%, seguido pelo financiamento de casa, com 12,4%.
Conjuntura
A PEIC mostra que a situação é mais desfavorável para as famílias que pertencem às faixas de renda mais baixas da população. Para as que ganham até 10 salários mínimos, foram registrados recordes de endividamento e inadimplência, respectivamente, de 80,6% e 31,5%.
Por outro lado, na faixa superior a 10 salários mínimos, o endividamento caiu pelo segundo mês e atingiu 66,5%, na cidade de São Paulo. O mesmo foi apontado quanto à inadimplência, que chegou a 10,6% dos lares deste grupo.
É importante frisar que as famílias de baixa renda apresentam dificuldades de renegociação de dívidas, uma vez que não contam com garantias ou proteções financeiras. Consequentemente, os juros são mais elevados, afetando a capacidade de consumo no dia a dia.
Por outro lado, o índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF), também divulgado pela FecomercioSP, apontou crescimento de 5,5% – de 85,1 pontos, em setembro, para 89,8, em outubro. É o maior patamar desde abril de 2020.
Os cinco itens avaliados pelo indicador cresceram no período. Destaques para o nível de consumo atual, que registrou 7,4%, e a perspectiva de consumo, com variação positiva de 7,2%. As pontuações respectivas foram de 67,6 e 76,8.
O ICF destaca importantes sinais para a economia de São Paulo. Crescimentos foram constatados em ambas as faixas de renda pesquisadas: 6,2% para as famílias que ganham até 10 salários mínimos, e 3,8% para as que ganham acima deste valor. De acordo com o levantamento, se as condições econômicas dos lares estão melhorando, é possível concluir que o nível de inadimplência esteja no topo ou próximo a isso, pois as famílias terão melhores condições de pagar as dívidas em atraso.
Na mesma tendência do ICF, o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) cresceu 2,5%, em outubro: dos 111,5 pontos, em setembro, para os atuais 114,2 pontos. Isso mostra que os paulistanos estão menos pessimistas quanto às condições atuais da economia. O ICC, também divulgado pela Entidade, apontou elevação entre os perfis analisados por faixa de renda, sexo e idade. Os mais otimistas são os consumidores que ganham mais de 10 salários mínimos (124,7 pontos), homens (117,9 pontos) e abaixo de 35 anos (116,2 pontos).
As pesquisas da Federação apontam ainda que os dados são favoráveis e devem ajudar a retomada da economia de modo mais forte no futuro próximo. O mercado de trabalho mais aquecido, com geração mensal de empregos formais, e uma inflação recuada – agora com reflexos no principal grupo de consumo, os alimentos e bebidas – devem trazer uma recomposição do poder de compra das famílias. Assim, neste primeiro momento, as condições econômicas mais positivas devem ajudar a equilibrar as contas, a fim de que, em 2023, as famílias tenham mais força para contribuir para o ritmo de vendas do comércio.
Notas metodológicas
PEIC
A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) é apurada mensalmente pela FecomercioSP desde fevereiro de 2004. São entrevistados aproximadamente 2,2 mil consumidores na capital paulista. Em 2010, houve uma reestruturação do questionário para compor a pesquisa nacional da Confederação Nacional do Comércio (CNC), e, por isso, a atual série deve ser comparada a partir de 2010.O objetivo da PEIC é diagnosticar os níveis tanto de endividamento quanto de inadimplência do consumidor. O endividamento é quando a família possui alguma dívida. Inadimplência é quando a dívida está em atraso. A pesquisa permite o acompanhamento dos principais tipos de dívida, do nível de comprometimento do comprador com as despesas e da percepção deste em relação à capacidade de pagamento, fatores fundamentais para o processo de decisão dos empresários do comércio e demais agentes econômicos, além de ter o detalhamento das informações por faixa de renda de dois grupos: renda inferior e acima dos dez salários mínimos.
ICF
O Índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) é apurado mensalmente pela FecomercioSP desde janeiro de 2010, com dados de 2,2 mil consumidores no município de São Paulo. O ICF é composto por sete itens: Emprego Atual; Perspectiva Profissional; Renda Atual; Acesso ao Crédito; Nível de Consumo; Perspectiva de Consumo e Momento para Duráveis. O índice vai de zero a 200 pontos, no qual abaixo de cem pontos é considerado insatisfatório, e acima de cem pontos, satisfatório. O objetivo da pesquisa é ser um indicador antecedente de vendas do comércio, tornando possível, a partir do ponto de vista dos consumidores e não por uso de modelos econométricos, ser uma ferramenta poderosa para o varejo, para os fabricantes, para as consultorias, assim como para as instituições financeiras.
ICC
O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) é apurado mensalmente pela FecomercioSP desde 1994. Os dados são coletados com aproximadamente 2,1 mil consumidores no município de São Paulo. O objetivo é identificar o sentimento dos consumidores levando em conta suas condições econômicas atuais e suas expectativas quanto à situação econômica futura. Esses dados são segmentados por nível de renda, sexo e idade. O ICC varia de zero (pessimismo total) a 200 (otimismo total). Sua composição, além do índice geral, se apresenta como: Índice das Condições Econômicas Atuais (ICEA) e Índice das Expectativas do Consumidor (IEC). Os dados da pesquisa servem como um balizador para decisões de investimento e para formação de estoques por parte dos varejistas, bem como para outros tipos de investimento das empresas.
Sobre a FecomercioSP
Reúne líderes empresariais, especialistas e consultores para fomentar o desenvolvimento do empreendedorismo. Em conjunto com o governo, mobiliza-se pela desburocratização e pela modernização, desenvolve soluções, elabora pesquisas e disponibiliza conteúdo prático sobre as questões que impactam a vida do empreendedor. Representa 1,8 milhão de empresários, que respondem por quase 10% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e geram em torno de 10 milhões de empregos.
Pela primeira vez, desde o início da série histórica (agosto de 2010), o número de famílias com contas em atraso, na cidade de São Paulo, atingiu 1,03 milhão, em outubro. A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), realizada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), aponta que 25,5% dos lares têm dívidas em atraso na capital.
Em agosto, a taxa de lares inadimplentes foi de 24,8%, enquanto no mesmo período de 2021, este número era de 19,7%. Em números absolutos, isso representa aumento de 240 mil novos lares que não pagaram a dívida na data do vencimento nos últimos 12 meses.
Além da inadimplência, o endividamento cresceu em outubro. O índice atingiu recorde no mês, com 77% de famílias com algum tipo de dívidas – o que representa 3,096 milhões de grupos familiares. Em relação ao ano passado, foi registrado crescimento de 251 mil lares paulistanos que passaram a ter compromisso de crédito para quitar.
Mais uma vez, o cartão de crédito segue na ponta das principais dívidas (85,8% dos endividados), mesmo índice do mês anterior. Na segunda posição, o carnê, com 16,5%, seguido pelo financiamento de casa, com 12,4%.
Conjuntura
A PEIC mostra que a situação é mais desfavorável para as famílias que pertencem às faixas de renda mais baixas da população. Para as que ganham até 10 salários mínimos, foram registrados recordes de endividamento e inadimplência, respectivamente, de 80,6% e 31,5%.
Por outro lado, na faixa superior a 10 salários mínimos, o endividamento caiu pelo segundo mês e atingiu 66,5%, na cidade de São Paulo. O mesmo foi apontado quanto à inadimplência, que chegou a 10,6% dos lares deste grupo.
É importante frisar que as famílias de baixa renda apresentam dificuldades de renegociação de dívidas, uma vez que não contam com garantias ou proteções financeiras. Consequentemente, os juros são mais elevados, afetando a capacidade de consumo no dia a dia.
Por outro lado, o índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF), também divulgado pela FecomercioSP, apontou crescimento de 5,5% – de 85,1 pontos, em setembro, para 89,8, em outubro. É o maior patamar desde abril de 2020.
Os cinco itens avaliados pelo indicador cresceram no período. Destaques para o nível de consumo atual, que registrou 7,4%, e a perspectiva de consumo, com variação positiva de 7,2%. As pontuações respectivas foram de 67,6 e 76,8.
O ICF destaca importantes sinais para a economia de São Paulo. Crescimentos foram constatados em ambas as faixas de renda pesquisadas: 6,2% para as famílias que ganham até 10 salários mínimos, e 3,8% para as que ganham acima deste valor. De acordo com o levantamento, se as condições econômicas dos lares estão melhorando, é possível concluir que o nível de inadimplência esteja no topo ou próximo a isso, pois as famílias terão melhores condições de pagar as dívidas em atraso.
Na mesma tendência do ICF, o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) cresceu 2,5%, em outubro: dos 111,5 pontos, em setembro, para os atuais 114,2 pontos. Isso mostra que os paulistanos estão menos pessimistas quanto às condições atuais da economia. O ICC, também divulgado pela Entidade, apontou elevação entre os perfis analisados por faixa de renda, sexo e idade. Os mais otimistas são os consumidores que ganham mais de 10 salários mínimos (124,7 pontos), homens (117,9 pontos) e abaixo de 35 anos (116,2 pontos).
As pesquisas da Federação apontam ainda que os dados são favoráveis e devem ajudar a retomada da economia de modo mais forte no futuro próximo. O mercado de trabalho mais aquecido, com geração mensal de empregos formais, e uma inflação recuada – agora com reflexos no principal grupo de consumo, os alimentos e bebidas – devem trazer uma recomposição do poder de compra das famílias. Assim, neste primeiro momento, as condições econômicas mais positivas devem ajudar a equilibrar as contas, a fim de que, em 2023, as famílias tenham mais força para contribuir para o ritmo de vendas do comércio.
Notas metodológicas
PEIC
A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) é apurada mensalmente pela FecomercioSP desde fevereiro de 2004. São entrevistados aproximadamente 2,2 mil consumidores na capital paulista. Em 2010, houve uma reestruturação do questionário para compor a pesquisa nacional da Confederação Nacional do Comércio (CNC), e, por isso, a atual série deve ser comparada a partir de 2010.O objetivo da PEIC é diagnosticar os níveis tanto de endividamento quanto de inadimplência do consumidor. O endividamento é quando a família possui alguma dívida. Inadimplência é quando a dívida está em atraso. A pesquisa permite o acompanhamento dos principais tipos de dívida, do nível de comprometimento do comprador com as despesas e da percepção deste em relação à capacidade de pagamento, fatores fundamentais para o processo de decisão dos empresários do comércio e demais agentes econômicos, além de ter o detalhamento das informações por faixa de renda de dois grupos: renda inferior e acima dos dez salários mínimos.
ICF
O Índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) é apurado mensalmente pela FecomercioSP desde janeiro de 2010, com dados de 2,2 mil consumidores no município de São Paulo. O ICF é composto por sete itens: Emprego Atual; Perspectiva Profissional; Renda Atual; Acesso ao Crédito; Nível de Consumo; Perspectiva de Consumo e Momento para Duráveis. O índice vai de zero a 200 pontos, no qual abaixo de cem pontos é considerado insatisfatório, e acima de cem pontos, satisfatório. O objetivo da pesquisa é ser um indicador antecedente de vendas do comércio, tornando possível, a partir do ponto de vista dos consumidores e não por uso de modelos econométricos, ser uma ferramenta poderosa para o varejo, para os fabricantes, para as consultorias, assim como para as instituições financeiras.
ICC
O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) é apurado mensalmente pela FecomercioSP desde 1994. Os dados são coletados com aproximadamente 2,1 mil consumidores no município de São Paulo. O objetivo é identificar o sentimento dos consumidores levando em conta suas condições econômicas atuais e suas expectativas quanto à situação econômica futura. Esses dados são segmentados por nível de renda, sexo e idade. O ICC varia de zero (pessimismo total) a 200 (otimismo total). Sua composição, além do índice geral, se apresenta como: Índice das Condições Econômicas Atuais (ICEA) e Índice das Expectativas do Consumidor (IEC). Os dados da pesquisa servem como um balizador para decisões de investimento e para formação de estoques por parte dos varejistas, bem como para outros tipos de investimento das empresas.
Sobre a FecomercioSP
Reúne líderes empresariais, especialistas e consultores para fomentar o desenvolvimento do empreendedorismo. Em conjunto com o governo, mobiliza-se pela desburocratização e pela modernização, desenvolve soluções, elabora pesquisas e disponibiliza conteúdo prático sobre as questões que impactam a vida do empreendedor. Representa 1,8 milhão de empresários, que respondem por quase 10% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e geram em torno de 10 milhões de empregos.