Depois de receber ajuda para se equilibrar sobre uma rede no estande brasileiro na Expo Milão, na Itália, a presidente Dilma Rousseff disse ontem que “a gente sempre, para não cair, precisa ser ajudada”. A declaração foi dada depois que um repórter perguntou a ela se uma rede poderia ser uma metáfora de seu segundo mandato. “Meu mandato é, eu diria, assim, mais firme que essa rede”, disse a presidente. Dilma Rousseff também falou sobre o aumento do Judiciário e sinalizou que pretende vetar o reajuste aprovado pelo Congresso.
A presidente disse que o objetivo do Palácio do Planalto é “manter a meta” de superavit primário, de 1,1% do PIB, mas adiantou que o governo ainda não tem decisão final sobre o assunto. “O nosso objetivo é manter a meta. Nós ainda não decidimos sobre isso. Agora, a gente avalia sempre, e vamos fazer todos os esforços para manter a meta”, disse. Sobre o aperto das contas públicas, afirmou que o Brasil “precisa fazer um grande esforço para voltar a crescer”.
Desde o anúncio do ajuste fiscal, no fim de maio, a presidente tenta negociar com o Congresso para que medidas que inflem os gastos do governo não sejam aprovadas pelos parlamentares. Mas a desarticulação da base chegou ao Senado, com a aprovação do reajuste para os servidores do Judiciário e a extensão da política de reajuste do salário mínimo para todos os benefícios previdenciários.
Dilma minimizou a crise e disse que não vê as derrotas como “rebeliões” contra o Planalto. “Eu não chamo de rebelião votação no Congresso. Há divergências, a gente perde umas e ganha outras”, disse. “Se a gente for fazer um balanço, nós mais ganhamos do que perdemos”, completou.
Em meio à crise política e econômica e enfrentando seu mais baixo índice de aprovação desde que assumiu o poder, em 2011, Dilma tem respondido repetidamente que não vai cair. Em entrevista na segunda-feira passada à Folha de S.Paulo, ela disse que não há base que sustente sua retirada da Presidência. E a uma TV russa, à qual falou depois de sua passagem para a reunião de cúpula dos Brics em Ufá, na última quinta, disse que terminará o mandato.
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Para tratar do reajuste no Judiciário, Dilma se encontrou com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, na terça-feira, durante escala que fez em Portugal antes de seguir para a Rússia. Segundo Dilma, o ministro “pleiteia que não haja veto”, mas a medida é “impraticável”.
Assinado pelo STF, o projeto aprovado pelo Congresso aumenta os salários dos funcionários do Judiciário de 53% a 78,56%. O Ministério do Planejamento estimou que os gastos, caso o aumento passe a valer, serão de R$ 25,7 bilhões em quatro anos. “É impossível o Brasil sustentar um reajuste daquelas proporções. Nem em momentos de grande crescimento se consegue garantir reajustes de 70%, muito menos no momento em que o Brasil precisa fazer grande esforço para voltar a crescer”, disse.
A visita ao estande na manhã de ontem foi o último evento oficial previsto na turnê que a presidente fez por Rússia e Itália na última semana. Na véspera da reunião em que chefes de Estado e de governo dos 28 países que compõem a União Europeia decidirão se a Grécia permanece ou não no bloco, Dilma afirmou que espera haver acordo. “O que nós esperamos é que a Grécia feche o acordo com a União Europeia”, disse. “Parece que o acordo está em bom andamento, pelo menos pelo que eu soube aqui. E espero que isso ocorra. Espero que a Grécia se mantenha na UE, que haja um acordo e que a Grécia, o mais cedo possível, saia dessa situação econômica”, completou.
Aécio vence, diz Ibope
Pesquisa Ibope divulgada pelo jornal O Estado de S.Paulo aponta que, se a eleição presidencial fosse hoje, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) venceria o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no segundo turno por 48% a 33%. Não foram divulgados eventuais resultados da eleição em primeiro turno. Caso o adversário de Lula fosse o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, haveria empate técnico, com ligeira vantagem para o tucano: 40% a 39%. O Ibope ouviu 2.002 eleitores em todo o país. A margem de erro do levantamento é de dois pontos porcentuais.
Contas sob suspeita
O ministro do Superior Tribunal Eleitoral Gilmar Mendes enviou ofício à Polícia Federal pedindo apuração de irregularidades nas contas da campanha de Dilma Rousseff à reeleição. A informação está na edição deste fim de semana da revista IstoÉ. O ministro chama atenção para a Focal Comunicação Visual e a VTPB, que receberam juntas R$ 47 milhões da campanha. A Focal esteve envolvida no mensalão.
Mendes anexou relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) apontando indícios de lavagem de dinheiro na movimentação da VTPB. De acordo com a revista, as duas empresas teriam recebido dinheiro desviado da Petrobras para a empreiteira UTC. As empresas garantem que prestaram os serviços pelos quais foram contratadas. A campanha de Dilma afirma que as doações foram legais e nega ter recebido dinheiro ilícito. O ofício é de 29 de junho.
Fonte: Redação.
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