CAMINHADA CONTRA O FEMINICÍDIO
Entrevista com Lucia Erineta,
presidente do Instituto “Mulheres, Feminicidio Não!” e Diretora de Mobilizações
do CMCBr - Conselho de Mulheres Cristãs do Brasil
A Caminhada contra o Feminicídio está
sendo organizada pelo Instituto "Mulheres Feminicídio Não" que tem
como idealizadora, Lúcia Erineta de Ceia, uma vítima de tentativa de
Feminicídio.
Lúcia é de origem Nordestina. Nasceu
no Piauí e veio ainda criança para morar no DF com os pais, morando em Sobradinho,
setor P Sul, Samambaia e nos últimos 20 anos, reside em Taguatinga Norte.
Bem, amigos do Acontece Taguatinga, venha conhecer um pouco sobre nossa amiga e
fazer parte desse movimento!
Acontece: Me fala um pouco de você. Formação, onde nasceu, filhos,etc
Lúcia: Sou teóloga, juíza
de Paz Eclesiástico, educadora social, capelã, líder comunitária de
Taguatinga e palestrante. Sou casada e tenho 4 filhas e 4 netos!
Acontece: Lucia, qual o motivo de você resolver abraçar essa causa. O que aconteceu?
Lucia: Comecei a sofrer
violência doméstica logo na juventude, quando fui obrigada a me casar porque, o
então namorado, me tirou a virgindade. Isso aos 13 anos.
Como à época, o homem que tirasse a
virgindade da menor era obrigado a casar ou iria preso, assim foi
feito o casamento. Contudo o meu primeiro ex-marido começou a me tratar como
inimiga por causa dessa situação.
As formas de violência se iniciaram
pela psicológica, depois as agressões físicas e até a tentativa de Feminicidio.
No segundo casamento fui vitima do atentado ao
feminicidio, onde o autor, por ter acabado de sair de uma clinica de desintoxicação do
álcool em que o tratamento é realizado com remédios controlados, associou nesse dia, com bebidas e quando eu, após buscá-lo no bar e chegar em casa, o mesmo quis
retornar. Na tentativa de impedi-lo, disparou em mim devido a recusa
por minha parte, de dar as chaves do carro.
Então, tomei a consciência da
necessidade de estudar, porque não tive oportunidade de estudar enquanto era
casada, terminei o ensino médio e ainda pretendo cursar direito.
Acontece: Historicamente, o Brasil tem um perfil patriarcal, onde o homem é o
pilar, principalmente financeiro, da família. Vc acha possível que o fato da
mulher, finalmente conseguir seu espaço no mercado de trabalho, dando-lhe a
independência que antes a limitava, pode ser um fator gerador desse tipo de
violência? Pode nos falar a respeito?
Lúcia: Sim é algo cultural, pois temos uma sociedade machista e patriarcal, em que o homem se sente o dono das suas companheiras, namoradas, esposas etc. Essa cultura da violência contra as mulheres por causa do machismo já foi encontrada na pesquisa da professora Geralda Resende sobre as Representações Sociais da violência contra o gênero feminino como sendo uma das principais causas dessa violência.
Acontece: Quais as medidas preventivas você acredita que poderiam resolver ou
amenizar essa situação atual?
Lúcia: Serem presos imediatamente e punidos, nada de medidas protetivas. As que existem hoje não estão surtindo efeito, ontem mais uma se foi...
Acontece: Você tem dados concretos sobre a quantidade e locais onde se concentram
crimes de violência contra a mulher?
Lucia: As Regiões
Administrativas (RA’s) que tiveram mais casos de Feminicídio foram, por ordem
de quantidade de ocorrências: 1°Brasília, 2° Taguatinga, 3° Gama e 4° Sobradinho, enquanto que as que tiveram mais casos de denúncias de violência
doméstica foram: Ceilândia com 651 casos; Planaltina, com 349; Samambaia, com
316; Taguatinga, vem com 233 casos; Gama, com 215.
As RAs que tiveram menor índice de casos foram:
Lago Norte - 18; Lago Sul - 17; Jardim Botânico - 14; SIA - 8; Park Way - 7.
Acontece: Nos fale sobre as ações que o Instituto já realizou, Lucia?
Lúcia: Já fizemos, nesse
ano de 2019, nosso primeiro evento que foi a festa junina das MULHERES
FEMINICIDIO NÃO.
E estamos com um grande evento no dia da Lei Maria da Penha na dia 07 de agosto a Caminhada contra o FEMINICIDIO, na avenida comercial norte de Taguatinga Norte, que tem o inicio das 07 h da manhã ate as 13 h com uma AÇÃO Social.
Acontece: O Acontece Taguatinga, Lucia, agradece por essa
nossa conversa e, desde já, nos posicionamos a favor dessa luta que é de toda a
sociedade. Estaremos presentes na caminhada e pode contar sempre conosco
Lucia:
Agradeço a oportunidade e o espaço para aprensentar
essa luta de todos nós!
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Udson Fábio Jornalista
Mulher, superar sempre.
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