As chuvas trazem alívio para lavouras de café, cana, laranja e grãos, que sofreram com seca e calor históricos em 2014
Chuvas previstas para os próximos dias em algumas áreas de São Paulo e Minas Gerais podem superar o volume registrado durante os dois primeiros meses do ano, trazendo alívio para lavouras de café, cana, laranja e grãos, que sofreram com seca e calor históricos em 2014.
As precipitações também podem melhorar o nível de reservatórios de hidrelétricas e de represas de água para consumo da população.
A região metropolitana da maior cidade do país, São Paulo, enfrenta risco de um racionamento de água, por conta da falta de chuva do início do ano.
"Tem a possibilidade de ser o maior evento de chuva no ano até agora. Já que isso não aconteceu em janeiro e fevereiro", afirmou nesta terça-feira o meteorologista da Somar Gustavo Verardo, citando os meses tradicionalmente chuvosos.
"Vai ser um período de chuvas intensas", acrescentou.
Algumas áreas de Minas Gerais, maior produtor de café do Brasil, e de São Paulo, principal produtor de cana e laranja do país, deverão receber mais de 100 milímetros de chuvas no acumulado entre os dias 6 e 10 de março.
A título de comparação, no primeiro mês do ano as precipitações não passaram de 50 mm na maioria das cidades de Minas e São Paulo.
Em fevereiro, a situação foi ainda pior, com algumas áreas registrando volumes de cerca de 25 mm, bem abaixo da média, citou o meteorologista da Somar.
Normalmente, chove por mês, em janeiro e fevereiro, entre 200 e 280 milímetros.
Os baixos volumes de chuvas registradas nos últimos meses e os danos causados à lavouras pela estiagem levantaram os preços do café e do açúcar no mercado internacional, uma vez que o Brasil é o maior produtor e exportador das duas commodities.
O café, por exemplo, teve uma máxima de dois anos de quase 2 dólares por libra-peso na segunda-feira, na bolsa de Nova York.
Mas agora as precipitações devem trazer um alívio, pelo menos estancando grandes prejuízos já causados --a safra de café do Brasil vai cair 10 por cento, disse a consultoria F.O. Licht nesta terça-feira.
Deve chover, somente na quinta e sexta-feira em importantes municípios produtores de café de Minas Gerais, mais de 100 mm, como é o caso de Machado e Alfenas.
Em Varginha, são esperados 90 milímetros no acumulado de dois dias, assim como em Poços de Caldas --tal volume de chuva não foi visto na região de Poços em todo o mês de fevereiro, por exemplo.
Em janeiro, a região cafeeira de Poços teve somente 45 milímetros de chuva, ou a metade do esperado para quinta e sexta-feira, segundo dados da Somar.
RESERVATÓRIOS
As chuvas previstas para as áreas cafeeiras de Minas Gerais, Estado que produz cerca de metade do café do Brasil, também são boa indicação sobre o que pode ocorrer para os reservatórios da hidrelétrica de Furnas, que sofre com a escassez de chuva.
Muitos municípios produtores de café estão próximos a Furnas, com um dos maiores reservatórios do Brasil, que operava com 33,5 por cento de sua capacidade no domingo, abaixo do nível médio dos reservatórios do Sudeste e do Centro-Oeste, que estavam com 34,63 por cento no início da semana, segundo dados do Operador Nacional do Sistema (ONS).
Também deve chover bem na área de Bragança Paulista, onde fica um dos reservatórios do Sistema Cantareira, que está num nos menores níveis da história. O volume estimado para a região até o dia 10 é de 100 milímetros.
O baixo nível do sistema, que abastece cerca de metade da região metropolitana de São Paulo, elevou o risco de racionamento de água na área.
"Não é tão bom quanto a gente gostaria que fosse, mas vai chover nas nascentes", disse o meteorologista, referindo-se à possibilidade de um maior volume de água se acumular nas represas.
O meteorologista explicou que havia previsões de que a chegada de uma frente fria traria chuvas ao Sudeste brasileiro nos próximos dias.
Mas os modelos meteorológicos agora estão apontando mais chuvas para os próximos dias do que mostravam anteriormente.
"Pelo menos até o próximo dia 9 teremos um período de chuvas fortes", afirmou ele, observando que a mudança nos modelos ocorreu provavelmente pelas temperaturas mais altas da água do oceano.
"Isso causa mais evaporação e tem mais vapor d'água para abastecer as nuvens", comentou.